Kenzo desembarca no Brasil amanhã, para o lançamento das novas fragrâncias em parceria com a Avon

Kenzo Takada testando as novas fragrâncias que fez em parceria com a Avon (Foto: Divulgação)

Kenzo Takada desembarca no Brasil nesta quarta-feira (14), para lançar linha de perfumes que desenvolveu para a Avon – uma parceria global que envolve 70 países e mais de 6 milhões de revendedoras. Conhecido por desenvolver best sellers desde os anos 80, o estilista começou sua estratégia em 1970, ao abrir uma loja em Paris – a primeira grife de luxo assinada por um designer japonês na cidade, onde ele vive até hoje. Aos 77 anos, já em menor ritmo, ele não esconde sua preferência, entre os mais jovens, pelo nome que acredita capaz de sucedê-lo: “Provavelmente, Kenta Matushige. Vejo nele um grande talento”.

Ele participará dos lançamentos com festas no Rio de Janeiro e em São Paulo e virá com uma equipe de três assistentes.


A seguir a entrevista exclusiva, via e-mail.

Por que decidiu democratizar seus perfumes?
Porque hoje temos ferramentas e tecnologias para tanto. Não fazemos mais aromas de gordura de baleia e as fragrâncias e componentes para fazer um perfume estão muito mais acessíveis do que há 40 anos. Fico satisfeito em criar um perfume acessível para a maioria das pessoas. Todos deveriam ter acesso à beleza e às emoções.

Que acha da acessibilidade que o ‘fast fashion’ trouxe?
Isso provavelmente começou com a internet e as mídias sociais. As pessoas viajam, têm acesso digital e assim os produtos podem ser buscados mais rápido do que nunca. A moda, naturalmente, seguiu esse caminho. Se é para o bem? Eu não poderia responder, mas sei que os consumidores têm fome de novas experiências e a moda precisa matar essa fome.

As mídias sociais ajudam?
Certamente elas permitem uma comunicação e podem ajudar. E mais, você pode se inspirar por meios delas ou encontrar novas ideias e produtos. Eu não uso muito, sou meio ruim nessa área.

Qual é a sua percepção sobre o atual mundo da moda?
Muito competitivo. Tive sorte em começar no fim dos anos 60. Atualmente a moda é um mercado difícil e pode ser duro, mas por outro lado, com as fronteiras do mundo desaparecendo, ele permite que novas marcas emergentes cresçam. Todas as tecnologias que existem hoje deram uma agilidade no processo de criação e diminuíram o custo. Mas desde que sejam usadas corretamente, é claro.

O senhor foi um dos primeiros estilistas a vender seu próprio nome e marca. Foi para a LVMH. Se arrepende?
Tento não olhar para trás, o que foi feito está feito, tinha meus motivos na época. Mas às vezes me pergunto o que teria acontecido se tivesse continuado.

O senhor revolucionou a moda japonesa ao lado de nomes como Yohji Yamamoto e Issey Miyake. Mas isso não aconteceu no Japão e sim em Paris. Na condição de imigrante, como vê este momento delicado que a França atravessa nos conflitos migratórios?
Amo a França e especialmente Paris. Estou na Europa há mais de 50 anos. É onde tenho a maioria dos meus amigos. A situação é muito triste justamente em uma época em que o mundo deveria se unir. Esses eventos terroristas são feitos por ignorância, egoísmo e estupidez. Mas não tenho raiva de nenhuma religião, cultura ou origem. Tenho raiva das pessoas que induzem os jovens a cometer tais crimes.

Existe um novo Kenzo na moda japonesa?
Provavelmente Kenta Matushige. Vejo nele um grande talento. Ele cria em seu próprio nome. Bem estruturado e moderno, com uma sobriedade da qual eu gosto.

O senhor está familiarizado com a moda brasileira?
Adoro o Brasil. A mistura de origens, as pessoas de mente aberta, alegria e simpatia que me encantam. Convidado à SPFW em 2009, me diverti muito. Existem grandes talentos e as coleções que vi são cheias de vida e comunicam muito bem a ‘joie de vivre’ brasileira. Além das modelos, que são fantásticas.

Qual é a sua rotina hoje?
Trabalhar, como de costume. Simplesmente gosto, me dá uma razão para olhar para a frente.

Com informações Época
 
Top